22 de setembro de 2010

Felicidade


Tristeza não tem fim - Por Rebecca Cardoso

Como podemos afirmar que a busca incessante pela felicidade é ponto em comum entre os homens, sendo algo tão abstrato e impalpável, como o sentimento? Será mesmo em estado ou qualidade, como dita o “pai dos burros”? Sei que é complexo demais para ser descrito em algumas dezenas de vocábulos. Talvez nem o faça aqui, nesse texto.
Devemos é encarar a felicidade como o ponto inicial do homem, sua página em branco a ser preenchida com bons e maus momentos, com alegrias e tristezas. Somente se mantém se as antíteses de experiências estiverem em equilíbrio, pois o valor de cada extremo se dá de frente com seu oposto, não isoladamente.
O que dificulta o encontro com a felicidade, ou seja, com si mesmo, são as modernas cartilhas dotadas de regras, conceitos e normas que estabelecem o “boom” do momento; a nova moda, o novo micro (macro) blog de relacionamento social, a nova planta ornamental, como as samambaias nos anos 80. O fato é que vivemos numa grande trama, cada vez maior, de regras que ditam o que devemos ou não ter/fazer, de necessidades estimuladas por um meio que não é o nosso interior – que cada vez mais fica adormecido por conta das receitas pré-prontas de necessidades que embutimos, e não, despertamos. Tudo isso, num sedutor cenário de permissividade, tudo é possível. Temos um leque repleto de opções que podemos seguir, mas olha só, tudo é tão fácil e possível – tem algo mais sedutor que isso? – que ficamos perdidos com inúmeras possibilidades, e por que? Porque não sabemos o que realmente queremos.
O descartável é a palavra que traduz o momento, não me vem nada mais fácil que essa palavra. Se cansarmos de um namorado, a fila anda. Se enjoar de sorvete de coco, flocos ou napolitano compre o de menta, cupuaçu ou chocolate com pimenta. O fácil tem mais peso que o difícil. Por isso, fica tão inatingível essa tal felicidade, essa busca incessante por algo que, na real, não paramos para pensar que, nem ao menos, sabemos o que é. Talvez seja por isso que a maioria da clientela interessada em psicanálise, hoje em dia, sejam a dos jovens dos 18 aos 30 anos, que procuram o tratamento pelo fato de reprimirem seus desejos, mas, principalmente, porque não sabem o que desejam. É, até Freud está ficando démodé. Antes, a pessoa recorria à psicanálise porque não ousava realizar seus desejos. Hoje, por não saber o que desejar.
Nem sabemos quem somos, mas, quem devemos ser: seres com uma boa oratória e fotografia exemplar. Tudo inconsistente e visual, e no passar do tempo, cada vez mais corrido, ficamos mesmo é com a imagem; com as palavras escritas no Orkut – fonte de um fortíssimo marketing pessoal; e com a amplitude do Twitter, acredito que a versão Beta de uma sociedade versão digital.
No fundo somos assim mesmo, vazios, afinal, nossa página é em branco. Se cada vez mais nossa realidade for virtual, o que será de nós? Pobres homens! Seremos ocos e viveremos para alimentar um universo invisível. Loucura, né?
 
Não que eu concorde com tudo que está escrito aí, mas é um caso a ser estudado e pensado para o futuro dos nossos filhos.
 
Enjoy!

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